sexta-feira, 17 de junho de 2011

A Professora Teruko Iwakami Beltrão

Teruko Iwakami Beltrão
 
Teruko Iwakami Beltrão agradece o ato gratificante da honraria. Foto - Ary Martins Filho

Nascida em 26 de janeiro de 1925, em Sapporo- Japão, Teruko Iwakami mudou-se para o Brasil em 1931 porque sua mãe Setsu Iwakami foi transferida como diretora da Escola Jaguaré, para ministrar aulas de japonês para a comunidade nipo-brasileira do interior de São Paulo e seu pai, Saisuke Iwakami, formado pela Universidade de Chicago, veio como voluntário para atuar como pastor da Igreja Protestante.
Iniciou seus estudos no Japão mas chegando no Brasil foi matriculada em escola brasileira e em 1945 formou-se no magistério na Escola Industrial Carlos de Campos, em São Paulo. No ano seguinte, conseguiu seu primeiro emprego, no Banco Mercantil de São Paulo, onde trabalhou no setor de câmbio.
A frente do seu tempo, nunca foi submissa como as mulheres japonesas e sempre soube lutar pelos seus sonhos. Foi por isso que em 1949, quando seus pais tinham feito um miai (casamento arranjado), faltando uma semana para a cerimônia, fugiu para o Rio de Janeiro porque sabia que tinha muito a contribuir para o mundo.
Foi no Rio de Janeiro, em 1949, que conheceu Domingos Anisio Dias Beltrão, com quem se casou em 1951, e viveu durante 50 anos até que ele veio a falecer. O casal teve 04 filhos: Kaizo, Taminori, Izumi e Minoru.
No Rio de Janeiro seu primeiro emprego foi como secretária bilingüe na Companhia Importadora Sueca Ltda, trabalhando depois, em 1960, no departamento de importação da Companhia Vale do Rio Doce, em 1962 como secretária bilingüe da ONU (Organização das Nações Unidas) e em 1967 na Embaixada dos Estados Unidos.
Em 1964, durante a revolução, seu marido foi transferido para Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul onde, Teruko além de cuidar da família, trabalhou como intérprete durante 06 anos para a Zen-Nou que comprava produtos da Cooperativa Vacariense.
Foi em 1973 que a família Beltrão se mudou para Curitiba pois considerava que a cidade era culturalmente melhor para criar os filhos que já estavam no período de cursar uma universidade. Inclusive todos eles conseguiram se formar sendo 01 no ITA, 02 na UFPR e 01 na USP.
Sempre atuante, a partir de 1981 Teruko começou a trabalhar como intérprete de missões japonesas que vinham ao Paraná e em 1985 foi indicada para ocupar o cargo de vice-diretora do Departamento de Assistência Social do Bunkyo de Curitiba.
Uma das maiores conhecedoras da cultura japonesa, Teruko trabalhou muito para sua preservação e divulgação em Curitiba sendo nomeada desde 1993, a vice-presidente do Departamento Cultural da Sociedade Cultural e Beneficente Nipo-Brasileira de Curitiba.
Aluna desde 1979 da cerimônia do chá da Escola Urasenke em 1991 recebeu do Japão autorização para ministrar aulas da arte aos interessados todas as quintas-feiras na Praça do Japão.
Em 1999 recebeu o certificado de mestre da cerimônia do chá Urasenke e o nome de Sooki. Como esta arte e um aprendizado constante, todos os meses viajava a São Paulo para aperfeiçoar seu conhecimento e poder transmitir a seus alunos. Ministrava palestras em várias universidades. Foi convidada para compor a comissão organizadora do Cinqüentenário da Cerimônia do Chá, realizado no México e em São Paulo.
Conhecedora da arte do arranjo floral, ikebana, recebeu seu primeiro certificado em 1980, da escola Kado Sanguetsu. Sempre se aperfeiçoava nesta arte. Também ministrou aulas de origami (dobradura de papel) para professoras da Prefeitura Municipal de Curitiba.
Professora da língua japonesa desde 1981 no curso de extensão universitária da Universidade Federal do Paraná, Teruko além de se dedicar no ensino da língua japonesa aos seus alunos também procurou aperfeiçoar seu conhecimento pois em 1987 obteve o certificado de proficiência em língua japonesa – nível I, da Associação Internacional de Educação do Japão. Ajudadou a coordenar simpósios no Brasil e no Japão sobre educação da língua japonesa.
Desde 1998 ministrava aulas de japonês gratuitamente para as pessoas que procuram a ABD - Associação Brasileira de Dekasseguis.
De um coração imenso, o maior defeito de Teruko foi de ter sido o de não saber dizer não. Sempre que procurada, se dispunha a auxiliar as pessoas pois sempre estava ajudando eventos beneficentes.
Extremamente ativa, resolveu estudar espanhol, porque queria aprender uma outra língua além do japonês, inglês e francês. Foi depois dos 70 anos que aprendeu a lidar com a Internet e conseguia se comunicar com o mundo através de e-mails.
Trabalhou como secretária-executiva do Escritório de Representação do Estado de Hyogo no Brasil, além de ministrar aulas de japonês, de cerimônia de chá e ajudar na organização de eventos ligados a cultura japonesa ou eventos beneficentes.
Em 1991 a Câmara Municipal homenageou-a com o Prêmio Cidade de Curitiba e em 2005 com o Título de Cidadã Honorária de Curitiba em reconhecimento a sua dedicação para a preservação e divulgação da cultura japonesa para a sociedade curitibana.
Teruko Beltrão faleceu recentemente aos 80 anos de idade, deixando uma extensa folha de realizações e saudades à todos que a conheceram.


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